Cientistas Desvendam Genoma do Tubarão da Groenlândia para Compreender Longevidade Extrema

Uma equipa internacional de cientistas sintetizou recentemente o genoma do tubarão da Groenlândia, conhecido por ter a maior longevidade entre os vertebrados, vivendo até 400 anos. Esta descoberta pode fornecer pistas cruciais sobre os mecanismos moleculares do envelhecimento e longevidade excepcional.

O estudo, realizado por investigadores da Alemanha, Dinamarca, Itália e EUA, revelou características únicas no genoma deste tubarão, que é duas vezes maior que o genoma humano. A análise preliminar sugere que genes “saltadores”, tradicionalmente considerados material genético sem função, podem desempenhar um papel fundamental na longevidade desta espécie.

“Este trabalho é fundamental para uma melhor compreensão da base da fisiologia extrema do tubarão da Groenlândia”, afirmou John Fleng Steffensen, um dos autores do estudo. “Além disso, ajuda-nos a avaliar pela primeira vez a sua diversidade genómica e, consequentemente, o tamanho populacional desta espécie vulnerável.”

Uma descoberta surpreendente foi que 70% do genoma do tubarão da Groenlândia é composto por genes “saltadores”. Arne Sahm, outro autor do estudo, especula que “a evolução do tubarão da Groenlândia encontrou uma forma de contrabalançar os efeitos negativos dos elementos transponíveis na estabilidade do ADN – ao sequestrar a própria maquinaria desses elementos”.

Os investigadores acreditam que genes essenciais para a reparação de danos no genoma podem ter-se replicado, permitindo que o tubarão da Groenlândia repare problemas no seu ADN com muito mais facilidade do que a maioria dos outros animais.

Outra descoberta significativa envolve a proteína p53, conhecida como a “guardiã do genoma”. Steve Hoffmann, um dos autores, explica: “A p53 está mutada em cerca de metade de todos os cancros humanos e é o supressor de tumores mais importante que conhecemos”. No tubarão da Groenlândia, esta proteína parece ter uma estrutura ligeiramente diferente, com um aminoácido adicional.

Alessandro Cellerino, outro autor do estudo, destaca a importância desta investigação além do tubarão da Groenlândia: “Explorar as bases genéticas da enorme diversidade de longevidade na árvore da vida oferece uma perspetiva inteiramente nova para investigar os mecanismos que permitem uma longevidade excecional”.

Embora a análise ainda esteja em fase inicial, os cientistas disponibilizaram o genoma ao público para permitir que mais investigadores explorem e façam as suas próprias perguntas. Esta pesquisa representa um passo crucial na compreensão dos mecanismos moleculares do envelhecimento em espécies de vida extremamente longa, com potenciais implicações para o estudo do envelhecimento humano e de outras espécies.

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